O momento atual de incertezas pode agravar sentimentos negativos da pessoa enlutada; professora de Psicologia da Anhanguera Niterói fala sobre como lidar com eles 

 

Rio de Janeiro, maio de 2021 – A Covid-19, doença causada pelo coronavírus, já tirou a vida de mais de 47 mil pessoas em todo o estado do Rio de Janeiro desde o início da pandemia, segundo dados do Ministério da Saúde. Quando se trata de Brasil, o número de óbitos já ultrapassa os 430 mil mortos. Por trás de cada uma dessas vidas que se foram, há várias outras pessoas que sofrem a perda de um parente ou um amigo. E se já é difícil lidar com a perda definitiva de alguém em circunstância normais, a pandemia agrava ainda mais sentimentos negativos e indesejados que aparecem no processo de luto.

 

Mas o que é o luto?

 

A definição de “luto” não é exata e cada pessoa vivencia esse sentimento de maneira diferente, de acordo com a cultura, o meio em que está inserida e o contexto que envolve a morte do conhecido. “Teóricos definem o luto de formas diferentes, mas ele pode ser explicado como um rompimento de vínculo de alguém significativo. É a sensação de perda de algo que era seguro”, explica a coordenadora do curso de Psicologia da Anhanguera, Berta Sheila de Souza Ribeiro.

 

A perda de um ente querido gera uma resposta mental imediata, traduzido muitas vezes como dor e intensa angústia. De acordo com a coordenadora, essa dor e angústia podem se agravar em momentos de crise, como a pandemia em que estamos vivendo. Afinal, o momento por si só já causa insegurança na população. Como resultados psicológicos, as pessoas que vivem o luto podem experimentar sensação de desesperança, falta de interesse no cotidiano e preocupação intensa com as memórias que se tem da pessoa que perdeu a vida. “Na prática, chamamos de luto o período de transição em que precisamos nos acostumar com a falta de uma pessoa querida ao mesmo tempo em que encontramos uma maneira de se adaptar ao dia a dia sem a presença dela”, esclarece Berta. “Quando se há uma mudança brusca no cotidiano e na maneira de se viver, como muitas pessoas estão passando durante a pandemia, esses resultados mentais podem ser agravados”, continua.

 

Estágios do luto 

 

Esse período de transição é dividido por fases, propostas pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross em 1969, e a psicologia defende que é necessário viver todas elas como um processo de amadurecimento. São cinco os estados mentais promovidos pelo luto: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e aceitação. “Essas etapas nos ajudam a entender a forma como as pessoas administram o luto, mesmo que cada uma delas viva esse momento de maneira diferente”, explica a professora de Psicologia.

 

E como lidar? 

 

Apesar de algumas dicas serem úteis para ajudar uma pessoa enlutada a viver melhor por si só, o auxílio psicológico pode ser um grande aliado nesse período. “Antes de tudo, é importante não se comparar com outros casos de pessoas enlutadas. Cada um tem o seu tempo de superar essa dor, que é momentânea, e se transforma em aprendizado e amadurecimento posteriormente”, argumenta. A coordenadora ainda esclarece que o papel do psicólogo nesse período é o de ajudar a pessoa enlutada a encarar essa perda de maneira equilibrada. “O profissional pode auxiliar a pessoa a se relacionar com o luto e a entender todos os sentimentos envolvidos, passando por cada fase de maneira consciente”, afirma.

 

Profissionais da saúde

 

Se por um lado vemos as pessoas tristes e desoladas com a perda, por outro temos os profissionais da saúde que lidam quase que diariamente com a morte, seja ela de um parente ou de um paciente.

 

Para enfermeiros e médicos que estão na linha de frente, a psicóloga explica que “há uma pressão psicológica muito grande, uma vulnerabilidade emocional em altos índices, além de muita sobrecarga de trabalho. A orientação é que fora do ambiente de trabalho, esse profissional tente relaxar, realizar outras tarefas diferentes do seu cotidiano, que promovam sua saúde mental: ouvir músicas, ler, estar com a família, em contato com amigos, ou seja, em atividades que lhe tirem daquela zona de perigo e adrenalina constante. E no mais, que recebam todo o carinho das suas famílias e de toda a sociedade”, finaliza.

 

Atendimento psicológico gratuito

 

A Clínica de Psicologia da Anhanguera de Niterói oferece atendimento a preço simbólico de R$10 (dez reais) para a comunidade. A atividade é desenvolvida por alunos da instituição sob a coordenação dos professores.

 

Interessados podem agendar consulta pelo telefone (21) 3803-0633 ou pelo e-mail cepsi.anhanguera@gmail.com . A Clínica de Psicologia está localizada na Avenida Visconde do Rio Branco, 123, Centro – Niterói.